Nos últimos anos, os países do BRICS têm enfrentado os desafios da extraterritorialidade da lei americana e a utilização do dólar como uma “arma” de diplomacia por parte dos Estados Unidos. Em resposta a essa situação, essas nações estão buscando alternativas para garantir suas transações comerciais fora do controle de Washington. Uma das principais soluções em destaque é o fortalecimento do yuan como uma potencial moeda comum entre os países do BRICS.
A participação do dólar nas participações oficiais dos bancos centrais globais tem diminuído gradualmente nos últimos anos. De acordo com o FMI, a sua participação caiu de 71% em 1999 para 58% em dezembro de 2022, atingindo o seu nível mais baixo em 25 anos. Enquanto isso, moedas como o euro, rublo, yuan e até mesmo o ouro têm ganhado espaço nas reservas internacionais dos países.
Nesse contexto, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do BRICS, sediado em Xangai, tem desempenhado um papel fundamental na busca por uma alternativa à hegemonia do dólar. O NBD, inaugurado em 2015, tem como missão financiar infraestrutura e desenvolvimento sustentável em mercados emergentes e países em desenvolvimento. Além disso, os membros fundadores do NBD estão interessados em criar uma moeda comum para fortalecer sua independência econômica.
As recentes sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais à Rússia, devido à invasão da Ucrânia, têm ampliado a frustração dos países do BRICS com a atual ordem econômica internacional. Essas sanções levaram países como o Brasil, Venezuela, Irã, Índia e Rússia a buscar acordos comerciais com a China, permitindo o uso do yuan em suas transações, em substituição ao dólar. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua visita à China em abril, manifestou interesse em aumentar o comércio bilateral utilizando o yuan.
A China, por sua vez, tem buscado acordos com outros países, como os membros do Conselho de Cooperação do Golfo, no sentido de liquidar suas importações de petróleo e gás em yuan, enfraquecendo ainda mais a influência do dólar. No entanto, é importante ressaltar que o projeto dos países do BRICS nasceu da frustração com a predominância do Ocidente na ordem mundial, e a Índia e a Rússia não estão dispostas a apoiar uma liderança compartilhada entre a China e os Estados Unidos.
Em suma, os países do BRICS estão desafiando a influência do dólar nas transações internacionais, buscando alternativas que garantam sua independência econômica e reduzam a imposição da lei americana. O fortalecimento do yuan como uma possível moeda comum do BRICS é um passo importante nessa direção. À medida que a participação do dólar diminui e o yuan ganha destaque, novos desafios e oportunidades surgem no cenário internacional, reconfigurando o equilíbrio de poder global.